segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O mundo perde Mercedes Sosa, a voz da América Latina


Conhecida como “La Negra”, cantora argentina foi uma das mais respeitadas lutadoras pelos direitos humanos e pelos marginalizados latino-americanos. Mas ela só foi até ali, morrer um pouquinho. Voltará logo!


(AFP) BUENOS AIRES, Argentina — A cantora argentina Mercedes Sosa, conhecida como La Negra, uma das vozes mais famosas da música contemporânea e defensora apaixonada dos direitos humanos, faleceu neste domingo, aos 74 anos, depois de passar duas semanas internada.
Mercedes Sosa, "La Negra", e seu característico tamborA artista receberá as honras reservadas às principais personalidades da Argentina, com o corpo sendo velado no Congresso.


Mercedes Sosa, conhecida como La Negra por seu longos cabelos negros, foi uma das artis tas argentinas mais populares das últimas quatro décadasNascida em 9 de junho de 1935, foi dona de uma das vozes mais representativas do cancionário popular argentino e da América Latina e gravou mais de 40 álbuns.


A cantora gravou diversos duetos com artistas brasileiros, como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gal Costa, Milton Nascimento, Fagner e Beth Carvalho. Outras estrelas internacionais com as quais dividiu os palcos foram Luciano Pavarotti, Sting, Lucio Dalla, Nana Mouskouri, Tania Libertad, Joan Baez, Andrea Bocelli, Alfredo Kraus, Konstantin Wecker, Silvio Rodríguez, Pablo Milanés, Luz Casal, Ismael Serrano e Shakira.


Sosa foi herdeira e símbolo de um movimento de música folclórica com forte compromisso político que teve como grande nome Atahualpa Yupanqui, que morreu em Paris em 1992.O corpo da cantora será cremados e as cinzas espalhadas em sua cidade natal de Tucumán, em sua adotiva Mendoza e na capital Buenos Aires, informou a família.


Hospitalizada em 18 de setembro com um grave quadro de insufiência renaç e hepática, a artista faleceu na madrugada de domingo.Ativista política, entre os grandes momentos de sua carreira figuram as apresentações que fez na Capela Sistina do Vaticano (1994), no Carnegie Hall de Nova York (2002) e no Coliseu de Roma (2002) para pedir pela paz no Oriente Médio, ao lado de Ray Charles, entre outros.


"Foi a voz dos que não tinham voz na época da ditadura (1976-1983) e levou a angústia pelos direitos humanos na Argentina a todo o mundo", declarou o músico Víctor Heredia, cantor e compositor de algumas músicas que ficaram famosas na voz de Mercedes Sosa como "Razón de Vivir".

O roqueiro Charly García, recém recuperado de um grave quadro de saúde, também homenageou La Negra: "Ela foi em seu momento a melhor voz argentina. É quase uma estrela do rock".Em sua apaixonada busca artística, Sosa incursionou no rock argentino, ao lado de músi cos populares como Charly García, Fito Páez e León Gieco.


Sosa lançou recentemente o álbum duplo "Cantora" e foi indicada este ano para o Grammy Latino por melhor álbum e melhor cantora de álbum folclórico. Nesta obra ela dividiu espaço com artistas como Joan Manuel Serrat, Luis Alberto Spinetta, Caetano Veloso, Shakira, Gustavo Cerati, Charly García, Calle 13 e Joaquín Sabina.


A presidente chilena Michelle Bachelet enviou uma mensagem de admiração à artista, que considerou "a voz mais vigorosa da América latina"."Obrigada, Mercedes, que nos deu tanto", disse o ministro de Cultura do governo do Brasil, Juca Ferreira, em espanhol, em uma nota oficial. Ferreira destacou a voz incomparável e o comprometimento de Sosa com a arte ibero-americana e ressaltou que sua voz potente rompeu fronteiras e transmitiu ensinamentos além de territórios e bandeiras. "Com Mercedes Sosa aprendemos o quanto temos para compartilhar com povos e nações. Ela nos deu o sentido de lugar, de pertinência a uma latinidade que nos consagra em beleza e tragédias comuns", concluiu o ministro.Sosa era considerada uma das maiores difusoras da obra da cantora e compositora chilena Violeta Parra, depois de transformar "Gracias a la vida" em seu tema emblemático."Como vocês sabem, Gracias a la vida é uma canção nossa, mas também universal. Há múltiplos artistas de vários países que a gravaram e a tornaram famosa e uma destas vozes é a de Mercedes Sosa", destacou Bachelet."Nasci em Tucumán e vivo em Buenos Aires. Sou cantora. Sou viúva. Tenho um filho, Fabián Ernesto, e duas netas. Dirijo um Audi pequeno. Fiquei muito doente e me reencontrei com Deus. Sou progressista. Sou embaixadora do Unicef", se autodefiniu Sosa em uma entrevista em 2000.


CLIQUE AQUI para assistir Solo le Pido a Dios e outros emocionantes clips de Mercedes Sosa no YouTube.