quinta-feira, 26 de maio de 2011

ATENÇÃO: REUNIÃO AMPLIADA DO MÓS, 30 DE MAIO

Se pode lá, por que aqui não?

Alagoas é um pequeno estado no nordeste brasileiro com pouco mais de 3 milhões de habitantes. Sem qualquer demérito ao seu povo, que traz inscrita em sua cultura a tradição histórica, guerreira e valente de Zumbi dos Palmares, Alagoas é um dos estados brasileiros economicamente mais pobres e mais desiguais do país. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Alagoas é o pior do país, ficando na marca de 0,677. Não por acaso, é o estado com o maior índice de analfabetos do Brasil (25,7% da população) e onde ocorre o maior número de casos de mortalidade infantil: 48.2% dos nascidos vivos morrem em decorrência das péssimas condições de vida.

Este é o cenário onde os senadores Renan Calheiros (PMDB) e Fernando Collor de Mello (PTB), entre outros, são os donos da imprensa escrita, falada e ouvida. E é nesse mesmo estado que um combativo sindicato de jornalistas construiu e conquistou, ao longo dos anos, um piso salarial decente para seus trabalhadores.

A partir de maio de 2011, os jornalistas de Alagoas passam a ter como piso salarial o valor de R$ 2.324,05, o maior da categoria no país. A contraproposta patronal foi aprovada pelos jornalistas alagoanos em abril deste ano. O piso de R$ 2.324,05 é para a jornada de trabalho diária de 5 horas. Além do salarial, a categoria terá um reajuste de 7% nas diárias, 7,2% no auxílio-creche, 20% de gratificação por editoria e 15% de gratificação aos que executam dupla função.


Enquanto isso, em SC...

Enquanto isso, na desenvolvida Santa Catarina, os jornalistas, que tem um piso de R$ 1.395,68, passaram por uma situação inusitada: a ausência da campanha salarial para elevar o piso. Como já havia fechado um acordo para dois anos em 2009, a atual direção do sindicato dos jornalistas preferiu viajar o estado numa suposta campanha salarial para estabelecer um piso diferenciado para os assessores de imprensa, no valor de R$ 2.500,00.

Perguntamos: é interessante um piso diferenciado para assessores de imprensa? É certo que cada vez mais profissionais encontram emprego nessa área. O problema é que não há como estabelecer esse piso para o segmento em geral. Explico a seguir.

O piso salarial dos jornalistas só existe porque é acordado entre o sindicato profissional (SJSC) e os sindicatos patronais que representam as empresas de rádio, jornal, revistas, TV etc. Ou seja, é celebrada uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) entre os sindicatos laboral e patronal.

No caso do reivindicado piso para assessores de imprensa, com quem o sindicato vai assinar uma convenção? A resposta é: com ninguém. Não existe sindicato patronal das empresas que prestam serviços de assessoria de imprensa. Então não existe CCT. Se não existe CCT, não existe piso.

O máximo que o sindicato pode fazer é celebrar Acordos Coletivos de Trabalho (ACTs). É praticamente a mesma coisa, com uma diferença importante: o ACT é celebrado entre o sindicato dos jornalistas e a empresa (isso mesmo, no singular!) em questão.

Por exemplo, para igualar, através do piso, os salários dos jornalistas que trabalham nas prefeituras municipais do estado, o Sindicato dos Jornalistas deveria celebrar 293 Acordos Coletivos de Trabalho (ACTs), um com cada prefeitura. Se fossem incluídas as Câmaras de Vereadores, seriam 586 ACTs. Isso sem contar as agências, sindicatos, empresas, ONGs e todas as outras instituições que empregam jornalistas em Santa Catarina.

Você poderia perguntar: minha empresa não assinou acordo com o sindicato, mas me paga o piso. Por que isso ocorre? Porque todas as outras organizações que contratam jornalistas utilizam a nossa CCT como referência.

A direção do sindicato, sabe-se lá por quê, está viajando o estado em uma campanha salarial fantasiosa. Ou será que existe possibilidade de firmarmos centenas e centenas de acordos, acreditando que todos os envolvidos aceitarão um novo piso de R$ 2.500,00?

Embora seja legítimo que lutemos também pela valorização do trabalho dos jornalistas em assessoria de imprensa, qual o critério para dizer que o trabalho do assessor de imprensa deve valer quase o dobro do jornalista de redação? Ambos não estão com jornadas extensas? Ambos não estão com acúmulo nas funções? Ambos não são igualmente explorados?

Está na hora do nosso sindicato mudar a maneira como vem conduzindo as campanhas salariais. É mais oportuna a mobilização coletiva da categoria por um piso decente para todo e mobilizar seriamente por um piso decente para toda a categoria, sejam assessores, repórteres, cinegrafistas, fotógrafos ou qualquer outra função.

Como se faz isso? Com muito trabalho, com campanhas de filiação, com propostas concretas, com unidade e com presença nos locais de trabalho. É hora de lutar por um piso decente para todos os jornalistas de nosso estado. Sabemos as imensas dificuldades. Mas se é possível em Alagoas, por que não seria aqui?

Por Leonel Camasão
Jornalista Profissional -
Twitter: @leonelcamasao

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Pleonasmos do mundo dos jornalistas

* Por Duda Rangel 


Jornalista pobre.

Trabalho árduo.

Salário de merda.

Dissídio ridículo.

Fato real.

Fotógrafo doidão.

Equipe enxuta.

Fechamento alucinante.

Nota curta.

Pauta de gaveta guardada.

Repórter de TV vaidoso.

Encarar o entrevistado de frente.

Novidade inédita.

Jornal de notícias.

Foca sonhador.

Lead de abertura.

Lançar um novo caderno.

Profissão maluca.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Salve Anitápolis

Pesquisador alerta sobre riscos no trabalho jornalístico

03/05/2011 - 12h55
Internacional
Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O coordenador de Comunicação e Informação da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) no Brasil e pesquisador da área de mídia, Guilherme Canela, alertou hoje (3) que o jornalismo é uma das profissões mais perigosas do mundo. Segundo ele, é necessário instituir ações mundiais que garantam a segurança necessária para os profissionais de imprensa poderem trabalhar.
Canela lembrou que os jornalistas estão mais ameaçados em ambientes de conflitos, como os embates que ocorrem nos países do Oriente Médio e Norte da África, como Líbia e Síria. Em entrevista durante a manhã ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, ele disse que há riscos não só em ambientes de guerra, mas também nas regiões em que a democracia não está consolidada.
“Os riscos não só [envolvem] o assassinato de jornalistas, mas existem uma série de outros riscos que precisam ser discutidos”, afirmou ele, citando, como exemplo, a ausência de “proteção do indivíduo jornalista que faz [uma determinada] cobertura”. O pesquisador lembrou ainda que a ameaça é maior quando o profissional busca o “oculto”. “Em muito lugares do mundo, o jornalismo é uma profissão de muitos riscos, novos e velhos”, afirmou.
Canela lembrou o assassinato do jornalista pernambucano Luciano Leitão Pedrosa, de 46 anos, que morreu no começo de abril depois de colocar no ar uma série de reportagens sobre grupos de extermínio, na região de Vitória de Santo Antão. Para ele, é fundamental estabelecer o fim da impunidade, assim como aumentar as garantias de segurança para os profissionais.
O pesquisador disse ainda que a “segurança do profissional de jornalismo em coberturas de risco” é um tema sempre presente na agenda Unesco. Canela foi um dos palestrantes da seminário A Mídia do Século 21: Novas Fronteiras, Novas Barreiras, que ocorreu no Instituto Rio Branco, em Brasília.

A violência contra jornalistas no Brasil e no mundo

Conforme relatório da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), foram registrados 55 casos de violência no Brasil em 2009, sendo dois assassinatos, ambos em Pernambuco. Do total, 40% são agressões físicas e verbais; 27%, censura e processos e 15%, ameaças.

A federação registrou ainda detenção e tortura (5%); atentados (5%); e violência contra sindicalistas (4%). De acordo com o estudo, agentes do Estado são responsáveis pela maioria dos casos de agressões a jornalistas.

Em 2010, foram contabilizadas 94 mortes de jornalistas por atos violentos em todo o mundo durante o exercício da profissão - 45 a menos do que em 2009 -, conforme relatório divulgado pela
Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ). A entidade registrou a morte de um total de 2.271 profissionais de imprensa no exercício da atividade profissional a partir de 1990 - quando começou a fazer o relatório anual desses dados - até 2010.

Segundo informações dessa entidade, o Paquistão ficou com o pior índice de segurança para os trabalhadores de comunicação em 2010, com 16 mortes, seguido do México e de Honduras, que registraram, cada um, dez mortes de jornalistas. Apesar da redução da quantidade de mortes com relação a 2009, a direção da FIJ alega que esse número ainda é alto, denotando haver grandes riscos em determinadas regiões para o exercício do jornalismo.

A organização não Governamental (ONG) internacional
Repórteres Sem Fronteiras informa que o Paquistão continua sendo um dos países mais perigosos para o exercício da profissão. Segundo a entidade, além dos jornalistas naquele país serem muito mal pagos, estão expostos a todo o tipo de perigo - desde a tensão do país com a Índia até ameaças terroristas, violência policial, e conflitos tribais. De acordo com a FIJ, a maioria dos jornalistas foi vítima de atos violentos causados pelas guerras contra as milícias no Paquistão, os cartéis das drogas no México e os conflitos políticos em Honduras.

A
lista dos jornalistas assassinados em 2010 divulgada pela FIJ aponta duas mortes no Brasil, do jornalista da área esportiva Clóvis Silva Aguiar, da Rede TV, no dia 24 de junho; e do jornalista Francisco Gomes de Medeiros, da Rádio Caicó (AM), no dia 18 de outubro.


Fonte: Agência Senado

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Sindicato que temos e o Sindicato que queremos

O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina está doente. Sofre de uma doença crônica e melancólica, e pelo que tem seguidas vezes demonstrado, não pretende se curar. Nosso Sindicato, nos últimos anos, divorciou-se de grande parte da categoria, burocratizou-se e, de maneira espantosa, tem sido aparelhado por posições políticas particularizadas.
Todas essas práticas são estranhas à história recente do movimento sindical dos jornalistas catarinenses que, desde meados dos anos 80, tem buscado constituir uma identidade, com total independência de governos, partidos e empresas. Movimento que construiu, nesse período, com a cumplicidade e envolvimento de pelo menos duas gerações de jornalistas, uma sólida reputação sustentada na representatividade e na combatividade de suas lideranças.
Somos referência nacional na luta pela democratização da comunicação. Não por acaso, o FNDC (Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação) foi forjado em tese apresentada no Congresso Nacional dos Jornalistas em 1990, em Florianópolis. Nossa entidade sempre foi linha de frente na defesa da regulamentação profissional e de um ensino de qualidade. Implementamos e unificamos o piso salarial e enfrentamos as diferentes formas de exploração do trabalho e desrespeito aos direitos e conquistas dos jornalistas. Lutamos, ao lado de milhares de outras categorias de trabalhadores em todo Brasil, pelo direito de livre organização e contra o vigoroso movimento internacional de flexibilização de regras e contratos de trabalho. Inovamos em campanhas e práticas de comunicação e na promoção de encontros e eventos. Estranhamente, esse patrimônio tem sido desconsiderado e literalmente apagado. Registros de lutas, campanhas, greves, manifestações, passeatas, simplesmente desapareceram do site do Sindicato. Os atuais dirigentes movem-se e se posicionam como fossem os primeiros e únicos.
A relação de sindicalizados tem encolhido ano após ano. O Sindicato promove expurgos com freqüência e, curiosamente, comemora o feito. A participação nas duas últimas eleições foi medíocre. Há três anos, não fosse um arranjo nos números muito mal explicado, seria necessário um novo pleito. A troca periódica de secretárias, levou a uma confusão no cadastro, causando constrangimentos aos sócios que recebem informações desencontradas. O jornal (falecido) e o site da Entidade transformaram-se em tribunas de posições ideológicas particularistas e de um personalismo vergonhoso. Em decisão de alguns diretores, no meio do ano passado, o SJSC passou a sindicalizar precários. Usou como argumento os mesmos princípios patronais arguídos pelo ministro Gilmar Mendes. Pressionado pela repercussão negativa, encaminhou a posição para um congresso estadual, esvaziado, para o qual inventou critérios que impediram a participação da categoria. A decisão foi referendada por 12 votos – eram 17 delegados no total. Ou seja, um colégio menor que a própria diretoria.
Por discordar dessas práticas e por ter sido totalmente alijado, um grupo de jornalistas de todos os cantos do Estado, formado por ex-presidente e diretores, sócios e não-sócios, estudantes, resolveu organizar-se como OPOSIÇÃO SINDICAL. Queremos e defendemos um Sindicato que resgate o sentimento de pertencimento e de orgulho por integrar o quadro de associados da entidade. Um Sindicato que respeite e valorize as divergências e diferenças, mas que não abra mão da UNIDADE da categoria. Queremos e defendemos um Sindicato que seja combativo em suas posições políticas, mas que rechace qualquer forma de aparelhamento e sectarismo. Um Sindicato que esteja presente no cotidiano das redações, assessorias e escolas, em todas as regiões do Estado e que volte a estimular ações culturais e de congraçamento. Um Sindicato que faça a reconciliação com o passado, mas que também tenha foco no futuro, para incluir um número imenso de jovens que estão no mercado, abandonados e indiferentes ao sindicalismo. Que seja, finalmente, um SINDICATO de TODOS radicalmente DEMOCRÁTICO e que avance na defesa do jornalismo e da profissão, sem jamais abandonar princípios de solidariedade e companheirismo entre os trabalhadores.
Por essas razões e motivos, somos e nos organizamos como oposição e, como oposição, pretendemos disputar as próximas eleições. Junte-se ao MÓS.
Movimento de Oposição Sindical, Santa Catarina, 1º de maio de 2011 – Dia do Trabalhador.

COORDENAÇÃO: Aderbal Filho, Adriane Canan, Celso Vicenzi, Cristiane Mohr, Leonel Camasão, Janine Koneski de Abreu, Sérgio Murillo de Andrade, Tânia Machado de Andrade, Valci Zuculoto.