segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Sindicato que temos e o Sindicato que queremos

O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina está doente. Sofre de uma doença crônica e melancólica, e pelo que tem seguidas vezes demonstrado, não pretende se curar. Nosso Sindicato, nos últimos anos, divorciou-se de grande parte da categoria, burocratizou-se e, de maneira espantosa, tem sido aparelhado por posições políticas particularizadas.
Todas essas práticas são estranhas à história recente do movimento sindical dos jornalistas catarinenses que, desde meados dos anos 80, tem buscado constituir uma identidade, com total independência de governos, partidos e empresas. Movimento que construiu, nesse período, com a cumplicidade e envolvimento de pelo menos duas gerações de jornalistas, uma sólida reputação sustentada na representatividade e na combatividade de suas lideranças.
Somos referência nacional na luta pela democratização da comunicação. Não por acaso, o FNDC (Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação) foi forjado em tese apresentada no Congresso Nacional dos Jornalistas em 1990, em Florianópolis. Nossa entidade sempre foi linha de frente na defesa da regulamentação profissional e de um ensino de qualidade. Implementamos e unificamos o piso salarial e enfrentamos as diferentes formas de exploração do trabalho e desrespeito aos direitos e conquistas dos jornalistas. Lutamos, ao lado de milhares de outras categorias de trabalhadores em todo Brasil, pelo direito de livre organização e contra o vigoroso movimento internacional de flexibilização de regras e contratos de trabalho. Inovamos em campanhas e práticas de comunicação e na promoção de encontros e eventos. Estranhamente, esse patrimônio tem sido desconsiderado e literalmente apagado. Registros de lutas, campanhas, greves, manifestações, passeatas, simplesmente desapareceram do site do Sindicato. Os atuais dirigentes movem-se e se posicionam como fossem os primeiros e únicos.
A relação de sindicalizados tem encolhido ano após ano. O Sindicato promove expurgos com freqüência e, curiosamente, comemora o feito. A participação nas duas últimas eleições foi medíocre. Há três anos, não fosse um arranjo nos números muito mal explicado, seria necessário um novo pleito. A troca periódica de secretárias, levou a uma confusão no cadastro, causando constrangimentos aos sócios que recebem informações desencontradas. O jornal (falecido) e o site da Entidade transformaram-se em tribunas de posições ideológicas particularistas e de um personalismo vergonhoso. Em decisão de alguns diretores, no meio do ano passado, o SJSC passou a sindicalizar precários. Usou como argumento os mesmos princípios patronais arguídos pelo ministro Gilmar Mendes. Pressionado pela repercussão negativa, encaminhou a posição para um congresso estadual, esvaziado, para o qual inventou critérios que impediram a participação da categoria. A decisão foi referendada por 12 votos – eram 17 delegados no total. Ou seja, um colégio menor que a própria diretoria.
Por discordar dessas práticas e por ter sido totalmente alijado, um grupo de jornalistas de todos os cantos do Estado, formado por ex-presidente e diretores, sócios e não-sócios, estudantes, resolveu organizar-se como OPOSIÇÃO SINDICAL. Queremos e defendemos um Sindicato que resgate o sentimento de pertencimento e de orgulho por integrar o quadro de associados da entidade. Um Sindicato que respeite e valorize as divergências e diferenças, mas que não abra mão da UNIDADE da categoria. Queremos e defendemos um Sindicato que seja combativo em suas posições políticas, mas que rechace qualquer forma de aparelhamento e sectarismo. Um Sindicato que esteja presente no cotidiano das redações, assessorias e escolas, em todas as regiões do Estado e que volte a estimular ações culturais e de congraçamento. Um Sindicato que faça a reconciliação com o passado, mas que também tenha foco no futuro, para incluir um número imenso de jovens que estão no mercado, abandonados e indiferentes ao sindicalismo. Que seja, finalmente, um SINDICATO de TODOS radicalmente DEMOCRÁTICO e que avance na defesa do jornalismo e da profissão, sem jamais abandonar princípios de solidariedade e companheirismo entre os trabalhadores.
Por essas razões e motivos, somos e nos organizamos como oposição e, como oposição, pretendemos disputar as próximas eleições. Junte-se ao MÓS.
Movimento de Oposição Sindical, Santa Catarina, 1º de maio de 2011 – Dia do Trabalhador.

COORDENAÇÃO: Aderbal Filho, Adriane Canan, Celso Vicenzi, Cristiane Mohr, Leonel Camasão, Janine Koneski de Abreu, Sérgio Murillo de Andrade, Tânia Machado de Andrade, Valci Zuculoto.

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